Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, III SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2018

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DUPLA RESISTÊNCIA: A MULHER DA/NA PERIFERIA
Maria Luisa Barbosa Martins, Maria Luana dos Santos

Última alteração: 2018-09-30

Resumo


O rap é considerado um gênero musical que se engaja em lutas pelas classes desfavorecidas e à margem da sociedade, se colocando em forma de poemas e rimas com seu discurso de enfrentamento, classificando-se como literatura marginal. Analisaremos, partindo dessa ideia central, vozes femininas da margem que colocam em evidência a sua condição de mulheres dentro desse grupo social, através do gênero musical e da poesia, retratando a luta do gênero que busca seu espaço duas vezes: uma, enquanto marginais, e outra, enquanto mulheres, que são quase que silenciadas nesse meio. Para tanto, partiremos da justaposição de duas expressões desenvolvidas dentro do ambiente periférico, desde uma perspectiva comparada, são elas: “Não foi em vão” (2013), canção da rapper Livia Cruz e, “Vai mudar o placar” (2012), poema de Elizandra Souza. O embasamento teórico conta com estudiosas que têm pensado as questões de gênero, refletindo sobre as mulheres em suas relações sociais na busca não apenas por empoderamento, mas principalmente por igualdade de direitos e uma vivência digna, sem medos. Entre essas estudiosas é importante nomear: Spivak (2010), Beauvoir (1970) e Safiotti (2001). Em ambas composições, se dá o relato tanto da violência e dos abusos sofridos pelas mulheres periféricas (de onde falam Cruz e Souza) quanto da impunidade dos agressores. Enquanto minoria socialmente constituída, a mulher da margem tem sofrido muito com a violência de gênero, considerando-se que ela se constitui uma margem dentro de outra. Isso torna mais cruel a condição do gênero, vítima da indiferença do Estado, vivendo em um espaço sem lei marcado pela criminalidade e por vozes não ouvidas. A poesia de Souza e o rap de Cruz surgem, então, como gritos que denunciam a realidade feminina da/na favela.

 

Palavras-chave: Feminicídio; Enfrentamento; Mulheres; Marginalidade; Rap.


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