Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, III SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2018

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SERIAL KILLER: MITOLOGIAS INTERMIDIÁTICAS
Fábio de Carvalho Messa, Jerônimo Duarte Ayala, Jerônimo Duarte Ayala

Última alteração: 2018-09-30

Resumo


Toma-se como ponto de partida o estatuto semiológico de um personagem como Norman Bates, considerando todos os seus desdobramentos intertextuais, tanto no que se refere a sua pré-concepção quanto aos deslizamentos de sentidos de sua pós-concepção. Sabe-se que muitas foram as influências para Robert Bloch (1959) e Alfred Hitchcock (1960) na criação e desenvolvimento dessa personagem, dentre elas o perfil de Ed Gein, sujeito histórico norte-americano consagrado como um tipo de serial killer que abalou e desconsertou a audiência jornalística e médico-jurídica, assim como há também a influência do filme de Clouzot, As diabólicas (1955), baseado no romance de Boileau-Narcejac (1952). Tem-se conhecimento da saga de Psicose em quatro edições de longa-metragem, todas protagonizadas por Anthony Perkins. Convém, também, destacar a recente repercussão da saga da personagem na ficção seriada Bates Motel, em cinco temporadas (2013-2017). Levando em conta esta extensão dialógica em torno de uma mesma personagem, pretendemos, com este trabalho, discutir à luz de uma semiótica psicanalítica, as variações significativas deste percurso. Para isso, elucidamos as concepções de Psicose e de seu campo semântico, como as designações cognatas psicótico, psicopata e sociopata; relevamos a noção de serial killer, potencializada semioticamente pelo discurso midiático; refletimos sobre a apropriação e o atravessamento destes saberes na fundamentação do universo ficcional das narrativas, pelos autores, assim como das depreensões temáticas realizadas pela crítica. Encaminhamo-nos, assim, para uma leitura e decifração do mito do assassino serial, num contraste entre real, simbólico e imaginário. Nesse percurso, foi imprescindível elucidar alguns outros personagens de outras narrativas transmídias que possuem traços similares e distinções peculiares a Norman Bates, concretizando a longevidade intertextual do mito: o persuasivo Hannibal Lecter, protagonista do romance de Thomas Harris (1988), em quatro longas-metragens sucessivos (1991-2007) e do seriado homônimo (2013-2015); assim como Joe Caroll e suas apologias a Edgar Allan Poe, em The Following (2013-2015), além do perito Dexter Morgan, personagem do romance de Jeff Lindsay, do seriado Dexter (2006-2013). O aporte teórico deste trabalho vem circunscrito pelas considerações de Henry Jenkins sobre narrativa transmídia; pelas teorias narrativas e semiológicas de Roland Barthes e Philippe Hamon; e pela abordagem semiótico-psicanalítica de Lúcia Santaella, proposta como uma clínica da cultura.

 

Palavras-chave: serial killer; psicose; mito; semiótica; psicanálise.


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