Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, III SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2018

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TRANSCRIAÇÃO E REESTILIZAÇÃO: AS TEORIAS DO HORROR CLÁSSICO NA NARRATIVA DE MOLINA EM O BEIJO DA MULHER ARANHA
Juan Ferreira Fiorini

Última alteração: 2018-09-30

Resumo


Em O beijo da mulher aranha, escrito pelo argentino Manuel Puig (1932-1990), o jogo de sedução narrativa imposto pelo personagem Molina está formado por um imaginário denso de fontes de referências caras à indústria do entretenimento, tais como as letras de bolero, o cinema narrativo produzido na Alemanha nazista, o cinema cabaretero mexicano, as tramas melodramáticas e, em maior destaque, o cinema clássico de horror produzido nos Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1950. Em dois dos filmes contados por Molina – que aqui os intitulo como “A mulher pantera” e “A mulher zumbi” – as descrições narrativas ultrapassam a mera sinopse ou um exercício ecfrástico que se resuma a simplesmente descrever o que viu: os filmes de horror supostamente vistos por Molina e contados a seu companheiro de cela adquirem uma potencialidade narrativa com cargas cinematográficas e sugerem um conjunto de estratégias narrativas cuja manipulação da palavra, no ato de contar, reforça a carga imagética instituída pela linguagem cinematográfica. Logo, as narrativas de Molina se encaixariam nas categorias que aqui denomino como “cinema de palavras” e “cinema imaginário”, um cinema mental cujas bases narrativas presentes na imaginação do personagem ganham poder, espaço e palavra por meio do ato de contar, entendido aqui como um ato criativo. Para entender as operações de adaptação que configuram esses dois filmes contados pelo personagem, entendidas aqui como transcriação e reestilização do cinema de horror clássico hollywoodiano, serão de grande importância os estudos de Linda Hutcheon (2013) e de Robert Stam (2006; 2008) acerca das teorias da adaptação, e o estudo de Dolores Tierney (2012) sobre a estética dessa vertente clássica do horror e nas operações das quais Manuel Puig, enquanto autor, se vale para reelaborá-la em seu afã de transformar a narrativa fílmica em literária sem que se perca, no entanto, seu brilho cinematográfico.

 

Palavras-chave: O beijo da mulher aranha; Adaptação; Intermidialidade.


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