Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, II Seminário do Programa de Residência Pedagógica e III Seminário do PIBID

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Rotação por estações: uma proposta didática para abordar o conceito de radioatividade
Anne Karoline Alberto, LORVIA CARMEM ORTIZ, Keila Batista Dias, Vivian dos Santos Calixto, Elaine da Silva Ramos

Última alteração: 2024-05-08

Resumo


Rotação por estações: uma proposta didática para abordar o conceito de radioatividadeResumo: O presente trabalho tem como objetivo discutir os resultados obtidos na elaboração e aplicação de uma metodologia ativa: a rotação por estações, como estratégia de revisão dos conceitos iniciais sobre radioatividade. Essa atividade foi elaborada pelas bolsistas do PIBID Química UFGD, sendo aplicada em uma das escolas parceiras. A atividade contou com 4 estações, sendo a última uma roda de conversa com todos os estudantes. Esse formato de atividade proporcionou aos estudantes uma aula dinâmica, interativa e colaborativa, sendo assim um modelo eficiente e relevante para o processo de aprendizagem.Palavras-chave: rotação por estações, ensino de Química, formação, aprendizagem.IntroduçãoO ensino de Química é desafiador e com diversos obstáculos, e na maioria das vezes, requer esforços contínuos para garantir que os estudantes compreendam e apreciem essa disciplina. Nesse sentido, é importante delinear propostas pedagógicas que possibilitem articular a concepção contextualizada e problematizadora do ensino de química com as concepções ativas de aprendizagem (Cavassani; Andrade; Marques, 2023).Para que a aprendizagem escolar seja uma experiência intelectualmente estimulante e socialmente relevante, é indispensável uma formação inicial de qualidade para os professores, pois isto refletirá no domínio dos conhecimentos que devem ensinar e nos meios para fazê-lo com eficácia. De acordo com Perrenoud (2002), o objetivo da formação inicial é que se forme um profissional que saiba lidar com as mais diversas situações, sendo três delas primordiais: transição de identidade de estudante para a de profissional; administrar o tempo de forma a cumprir a parte burocrática e saber transpor o que é aprendido na universidade para sua prática e vivência escolar.Sendo esse um dos objetivos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), essa articulação entre universidade e escola, na qual o discente do curso de licenciatura vivencia de forma antecipada o exercício do ser professor, se ambientando aos desafios da prática escolar. Os bolsistas têm a chance de testar os conhecimentos discutidos no contexto acadêmico, reproduzi-los, adequá-los e reelaborar modelos, se coloca como essencial à boa formação que é a teoria comprometida com uma prática que obriga a tomar decisões, a manusear conceitos, a observar e enfrentar situações conflituosas de sala de aula.A atividade escolhida para o relato desse trabalho teve como objetivo contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos discentes, viabilizando solucionar outra dificuldade encontrada no processo de formação que é a separação exacerbada entre teoria e prática, que não garante o preparo suficiente na formação. A metodologia escolhida para a realização dessa atividade foi uma das metodologias ativas.As metodologias ativas de aprendizagem exercem caráter de ressignificação quanto a apropriação de conhecimentos por parte do aluno, uma vez que o torna protagonista do processo (Oliveira; Leite, 2021). Existem várias práticas ativas que podem ser utilizadas, uma delas é a rotação por estações.No modelo de rotação por estações os estudantes são organizados em grupos, onde cada um realiza uma tarefa diferente, com o mesmo tema, de acordo com os objetivos do professor, valorizando momentos de cooperação e interatividade, variando os recursos didáticos em um planejamento não sequencial, modificando o espaço e a condução de suas aulas, integrando pelo menos uma das estações com um espaço online de aprendizagem (vídeo). Após um tempo previamente combinado os grupos fazem o revezamento das estações, de forma que todos passem por todos os espaços. Em outros termos, diferentes atividades foram executadas pelos alunos, fazendo com que aprendessem o conteúdo não só da maneira tradicional. Silva et al., (2023) afirma que:Dentre as metodologias ativas temos método de aprendizagem de rotação por estações que visa criar um circuito dentro da sala de aula com diferentes atividades sobre um mesmo tema, de forma que os alunos sejam divididos em estações com temas específicos com início, meio e fim, com o objetivo de ao final o circuito o assunto inteiro tenha sido abordado e compreendido pelos demais (Silva et al., 2023).A perspectiva de Freire (1996) coincide com a abordagem envolvendo o método ativo. De acordo com o educador, um dos grandes problemas da educação paira no fato de os alunos praticamente não serem estimulados a pensarem autonomamente. Para amenizar esse contexto, o professor deve:[...] assegurar um ambiente dentro do qual os alunos possam reconhecer e refletir sobre suas próprias ideias; aceitar que outras pessoas expressem pontos de vista diferentes dos seus, mas igualmente válidos e possam avaliar a utilidade dessas ideias em comparação com as teorias apresentadas pelo professor (JÓFILI, 2002, p. 196).Com base nessa citação, é possível afirmar que as Metodologias Ativas, quando tomadas como base para o planejamento de situações de aprendizagem, poderão contribuir de forma significativa para o desenvolvimento da autonomia e motivação dos estudantes, cada pessoa compreende e retém melhor o conhecimento de uma forma; por isso, apresentar um leque diverso de possibilidades, aumenta a capacidade de absorção. Esse tipo de ensino tem como objetivo contemplar todos os estilos de aprendizagem: visual, auditivo, cinestésico, leitura e escrita.DesenvolvimentoA partir da reunião mensal de planejamento, junto com a coordenação e a supervisão, foi decidido o que seria trabalhado com os estudantes na escola parceira. Com isso, optou-se trabalhar uma rotação por estações com a temática dos conceitos iniciais de radioatividade. A escolha dessa metodologia ativa se deu pelo fato que anteriormente, os bolsistas do PIBID já haviam participado de uma formação a respeito da temática.A atividade foi elaborada da seguinte forma: para a primeira estação foi selecionado um vídeo a respeito dos conceitos básicos de Radioatividade, no qual os alunos assistiram e em seguida responderam algumas perguntas, como ilustrado na Figura 1. Procurou-se utilizar um vídeo explicativo e resumido para facilitar o entendimento dos alunos.Figura 1: Imagem das questões da primeira estaçãoFonte: AutorasA segunda estação elaborada foi denominada jogo do saber. Elaborou-se um jogo no qual havia quatro palavras com imagens, sendo elas: radioatividade, radiação α, radiação β e radiação, e havia dezesseis frases nas quais os estudantes deveriam relacionar quatro frases para cada umas das palavras mencionadas. Após lerem, discutirem, os estudantes deveriam anotar os números das frases a cada palavra, como ilustrado na Figura 2.Figura 2: Imagem do jogo do saberFonte: AutorasE para a última estação foi elaborado um caça-palavras, nos quais os estudantes deveriam encontrar as palavras que preenchiam de forma correta as afirmações referentes a temática, como ilustrado na Figura 3.Figura 3: Imagem das questões da Estação Caça-PalavrasFonte: AutorasA atividade foi aplicada em duas salas de terceiro ano, no turno matutino, com em média 35 alunos cada, da escola parceira do PIBID no mês de março do corrente ano. Os alunos de cada sala foram divididos em três grupos, e cada grupo foi encaminhado a uma estação montada. A cada oito minutos os grupos trocavam de estação, sendo que todos os grupos deveriam ao final da atividade ter passado por todas as estações.Para finalizar a atividade foi realizada a estação roda de conversa, na qual os alunos foram instigados a falar sobre cada uma das estações, suas percepções, dificuldades, e nessa conversa, os bolsistas do PIBID atuaram como mediador, explicando o objetivo de cada uma das estações e tirando as dúvidas que surgiram em cada uma delas.Considerações FinaisPara o processo de ensino e aprendizagem é necessário que o professor estimule o estudante, despertando o seu interesse para o conteúdo trabalhado, e nesse caminho é importante se utilizar as mais diversas ferramentas de ensino, dando opções e estímulos variados aos alunos, promovendo assim uma maior comunicação, engajamento deles.Com a socialização da experiência vivida em sala com a elaboração e aplicação dessa atividade, conclui-se que a estratégia de Rotação por Estações oferece novas oportunidades de aprendizagem, capazes de atender à necessidade de autonomia dos estudantes, proporcionar aos alunos uma experiência de estar no ambiente escolar e ter uma aula diferente onde puderam aprender brincando a fim de proporcionar um bom aprendizado, pois cada aluno aprende de uma forma. Além disso, a troca de experiências e conhecimento torna a jornada da atividade muito mais significativa e produtiva, tanto para os bolsistas PIBID quanto para os alunos e professora.Sobre a atividade em si, os bolsistas perceberam que os alunos têm muita pressa em responder por conta do tempo e não se atentam nas pistas que a própria atividade em si apresenta. Por exemplo, no jogo do saber, havia uma imagem que estava relacionada com a resposta, e mesmo assim alguns não acertavam. Na estação caça-palavras, havia elementos de uma frase, que poderiam responder a frase seguinte e eles na empolgação de responder antes do tempo estimado não prestavam atenção. Em relação a estação vídeo a dificuldade foi relacionar a temática de radioatividade ao cotidiano.As atividades realizadas durante o projeto, culminaram na certeza de permanência dos bolsistas no curso de Química, pois esse envolvimento com a sala de aula, traz a familiaridade de estar no ambiente escolar como futuros docentes da educação básica. Os alunos do ensino médio, se beneficiam, uma vez que aprendem a disciplina de uma maneira dinâmica, despertando o interesse dos discentes, principalmente quando os acadêmicos propõem atividades diferentes a fim de melhorar a compreensão do estudante.ReferênciasCAVASSANI, T. B.; ANDRADE, J. J.; MARQUES, R. N. O Arco de Maguerez como Oportunidade para a Aprendizagem Problematizadora e Ativa no Ensino de Química. Química Nova na Escola, v. 45, n. 2, p. 142-151, 2023.OLIVEIRA, J. E. da S.; LEITE, B. S. Ensino híbrido gamificado na química: o modelo de rotação por estações no ensino de radioatividade. Experiências em Ensino de Ciências, v. 16, n. 1, p. 277-298, 2021.FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996 (coleção leitura).JÓFILI, Z. Um modelo operatório para construção de conhecimento. Pernambuco, v. 50, nº 2, p. 242, 2002.PERRENOUD, P. A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2002.SILVA, A. M. dos S. et al. Oficinas temáticas: uma estratégia para auxiliar no ensino de química. 2023. 65f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Química) - Universidade Federal De Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2023.

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